
FABIO RODRIGUES-POZZEBOM/ AGÊNCIA BRASIL
A guerra comercial aberta pelos Estados Unidos pode ter efeitos deletérios sobre o crescimento da economia mundial, disse nesta quarta-feira o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ponderando não ver risco de recessão no Brasil.
Em evento da CNN Brasil, Haddad afirmou que o embate entre Estados Unidos e China não é sustentável e que o acirramento da disputa tarifária entre os dois países não deve se manter.
"É difícil acreditar que as tarifas impostas mutuamente em relação aos dois países vão se manter. É algo que, na minha opinião, desorganizaria demais as cadeias produtivas globais", disse.
O presidente do Estados Unidos, Donald Trump, suspendeu a elevação de tarifas de importação impostas sobre países, mas anunciou novas altas sobre a China, que também tem respondido com cobranças mais fortes sobre os produtos norte-americanos.
"Eu não vejo risco de recessão no Brasil. Obviamente que nós estamos olhando a situação atual e temos que verificar como é que as tensões geopolíticas vão se acomodar", disse o ministro.
Haddad manteve previsão apresentada anteriormente de que a economia brasileira deve crescer em torno de 2,5% em 2025, um pouco abaixo de anos anteriores, em desaceleração que ele atribuiu à elevação de juros pelo Banco Central para conter a inflação. A estimativa oficial da Fazenda é de crescimento de 2,3% para este ano.
Perguntado sobre o risco de ampliação do endividamento das famílias com o programa destinado a estimular empréstimos consignados a trabalhadores privados, Haddad disse que as ações do governo têm dado impulso ao crédito com taxas menores.
Nessa área, ele afirmou que o governo ainda "está devendo" uma solução para o mercado secundário de crédito imobiliário, ressaltando que a alta da Selic adiou os planos nesse tema.
Em abril de 2024, o governo editou medida provisória que autoriza a Empresa Gestora de Ativos (Emgea) a usar seu caixa para captar carteiras de financiamento imobiliário de bancos e repassá-las a outras instituições no mercado secundário, mas o plano não avançou.
O presidente do BC, Gabriel Galípolo, também tem afirmado que a autarquia discute soluções para ampliar as fontes de recursos para financiamentos imobiliários em meio aos saques observados na caderneta de poupança, importante funding para esses empréstimos.
No evento desta quarta, Haddad ainda defendeu a proposta do governo de cobrar um imposto mínimo de pessoas mais ricas para compensar o aumento na isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$5 mil.
Ele afirmou que ainda não conversou detalhadamente sobre o projeto com o relator da matéria, deputado Athur Lira (PP-AL), ressaltando que a Fazenda dará apoio técnico para as discussões do texto no Congresso Nacional.
Fonte: Reuters