
por Sérgio Odilon Javorski Filho
O Papa não morreu. Ao escolher ser Francisco, eternizou-se. Abdicou do ouro, para ser verdadeiramente rico. Advogou para os pobres. Sentou-se à mesa dos humildes. Aceitou as diferenças sem qualquer diferenciação. Mostrou que Deus é pai de todos, independentemente de sexo, religião, nacionalidade, etnia, cor, procedência. Convidou-nos ao paraíso, com a doçura de Jesus Cristo. A Bíblia viva, com rezas diárias, incessantes, acolhedoras.
Um Papa que nunca quis ser Papa. Nasceu para ser Papa. Seu destino era ser Papa. Um amor tão genuíno não se aprende em uma única vida. Em 88 anos, de sua boca não saiu uma única palavra de exclusão, ira ou violência. Em seus braços, homossexuais, vítimas abusadas, filhos das guerras, mães solteiras, mendigos, sentiram o calor de Deus, Pai, nunca padrasto.
O mundo recusa-se a aceitar sua perda. Seu olhar tem um brilho impossível de se apagar. Seu coração bate na melodia do sagrado. Inesquecível como Vossa Santidade, só você. Recusou as pompas, visitou quem dele mais necessitava, amou com a pureza do amor ainda desconhecido para a maioria. Daqui se foi, e jamais irá. Uma das mais lindas estrelas que iluminaram o mundo. Lá do céu, aqui da terra, Francisco.
Indiscutivelmente, Santo! Excepcional Advogado! Do mais baixo degrau no Tribunal da vida, combateu a tirania, o despotismo, a dominação do mais fraco pelo mais forte, a desigualdade social, os maus-tratos aos animais, o desrespeito às mulheres. Na Igreja na qual pregava, a cruz era para todos. Por onde passou, deixou as portas abertas. Quem quisesse beber das águas cristalinas da compaixão, bastava entrar e sentar-se. À imagem e à semelhança do Criador, cada qual, com suas diferenças, sentiu-se importante, como, deveras, é.
O Santo Padre atingiu o auge de humanidade ao ser capaz de aceitar compassivamente todas as dores do mundo. Em cada dia dos 88 anos de existência, dedicou-se ao próximo. Aquele que nunca ficou em cima do muro. Posicionou-se, sempre, com vigor e simplicidade. Aceitou mansamente todas as críticas. Não veio ao mundo para separar. Seu lema era unir, somar, acrescentar, reunir, apaziguar. Um santo com ‘s’ de salve. Salve o Santo! Salve Francisco! Salve o Santo Francisco.
Difícil será encontrar outro de ti. Dificílimo será ser o outro depois de ti. Por isso, brindamos a ti, Papa, Francisco e Santo. Agradecemos a ti, por nos mostrar que o valor está no somos e não no que temos, por dar de comer aos nossos esquecidos, por apertar nossos pecados em seu grandioso peito, por aceitar quem condenamos ao ostracismo social, por comer em nossos pratos e copos, sem jamais apontar a nossa sujeira.
Com a vacância do cargo, a convocação do Conclave aproxima-se. Os 135 cardeais, com menos de 80 anos, aptos a votar, dentre eles 7 brasileiros, reunir-se-ão para escolher o novo Sumo Sacerdote. Em procissão até a Capela Cistina, religiosos vestidos de trajes corais invocarão o Espírito Santo ao canto do hino “Veni Creator”.
O Papa sempre mostrou grande amizade pelo Brasil. Quem sabe intercederá por este povo tão sofrido, para que o escolhido seja um nacional, o enviado para acabar com a divisão do país. Orai por todos nós, Papa Francisco! Nosso Chico.