
Com título de um trecho da música Like a Rolling Stone, Um Completo Desconhecido traz o início da carreira de Bob Dylan, então com 19 anos chegando em Nova York, de astro do folk até sua adesão à guitarra elétrica, em 1965, passando por um affair com Joan Baez. Mas não é só isso. O filme, estreante nas telas dia 27, às vésperas da cerimônia do Oscar, com oito indicações, tem outra estrela, o ator Timothée Chalamet, dono de vinte milhões de seguidores nas redes sociais e de inúmeros adjetivos.
Magnetizante, hipnotizante, surpreendente, perfeito, mais bonito que Dylan, o que mais? Os elogios proliferam entre os críticos e fãs, afinal Chalamet é a pérola do diretor James Mangold, também co-roteirista do filme baseado no livro Dylan Goes Electric (2015), de Elijah Wald.
A saber: o ator franco-americano não é só um rostinho bonito. Ele se preparou para o papel por cinco anos, aprendeu a tocar guitarra e gaita, estudou o estilo de Dylan e canta tal e qual ou melhor. Para tanto, contratou os mesmos treinadores vocais que trabalharam com Austin Butler em Elvis. Ao fim, Timothée Chalamet bem que merecia ganhar o Oscar de melhor ator.
Aclamado em Me Chame Pelo Seu Nome (2017) e nos dois filmes Duna e na pele de Wonka, Chalamet também foi aprovado por Dylan, que, por sinal, é um dos produtores executivos do projeto.
Os fãs podem se ressentir da falta da densidade da poesia de Dylan no filme, com razão. Mas é fascinante sentir o músico na pele de Chalamet. Um Completo Desconhecido tem mesmo um elenco estelar: Edward Norton está adorável como Peter Seeger (“descobridor” de Dylan) e Boyd Holbrook está impecável como Johnny Cash. Duas mulheres estão presentes na cinebiografia e são bem vividas pelas atrizes Elle Fanning, no papel do primeiro amor, e Monica Barbaro como a cantora e militante Joan Baez.
O filme começa com a chegada de Dylan a Nova York, em 1961. Logo vai visitar seu ídolo, Woody Guthrie (Scoot McNairy), um ícone da música folk na época, então hospitalizado e protegido por Pete Seeger. Quatro anos depois, Dylan já estava famoso e, para espanto e repulsa de seus mentores, além de fãs desavisados, se recusa a ser conhecido apenas pelo hino folk (Blowin' in the Wind, gravado em 1963) e parte para o rock. O filme acaba aí, após 2h20 de duração, mas sabe-se que a história ainda não terminou e Dylan (Robert Allen Zimmerman) ainda ganhou o Nobel de Literatura. Timothée Chalamet, aos 29 anos, também tem muita história pra viver, além de muito prêmios a conquistar.