
Durante três horas e 36 minuto de projeção, somando 15 minutos de intervalo, O Brutalista conta uma história com personagens fictícios em fatos históricos (II Guerra, holocausto, criação de Israel, sonho americano). Saudado como grande filme, tanto na metragem quanto na qualidade, o drama, mesmo frio como mármore de Carrara, chega aos cinemas nesta quinta dia 20 como o mais favorito ao Oscar, onde tem dez indicações.
Acaba de dar o Bafta, prêmio conferido pelo cinema britânico, ao diretor Brady Corbet e de melhor ator para Adrien Brody. E já havia sido laureado com o Globo de Ouro - Melhor Filme de Drama, Melhor Direção e Melhor Ator em Filme de Drama.
O filme é dividido em quatro partes - abertura, dois capítulos e epílogo – e tem um intervalo, que até nem precisa porque a narrativa flui. O que incomoda é que os personagens parecem caricatos. Salva a sensível interpretação de Adrien Brody, cotado ao Oscar no papel de um fictício arquiteto húngaro que, sobrevivente a de campo de concentração, busca viver o sonho americano ao fim da II Guerra.
Buscando ser crítico à sofrida vida de imigrante nos EUA (imagine como é hoje, na era Trump!), Brady Corbet, também co-roteirista, resvala em vários temas, como preconceito racial e religioso, entorpecentes, assédio sexual e... arquitetura. Mas não consegue despertar empatia para mocinhos nem aversão aos vilões.
A condução da história se vale de altos e baixos (literalmente), tão evidentes, como um recurso de fere e sopra, que a plateia fica perdida ou indiferente. Apenas dois exemplos: no segundo capítulo, o arquiteto Toth sorri, levando flores para a esposa (interpretada por Felicity Jones) que a duras penas consegue entrar nos EUA. Na estação, corre ao seu encontro, feliz, porém, em segundos, seu rosto se contrai ao avistar a saudosa amada numa cadeira de rodas. Outra cena, poética e luminosa, se passa numa mina de mármore de Carrara, mas em seguida, nesse mesmo cenário, surge no subterrâneo, a cena mais escura, mais triste, um estrupo sem sentido.
Toth descobre que judeus são bem vindos nos EUA, mesmo sob o guarda-chuva do milionário Harrison Lee Van Buren (Guy Pearce) para quem vai enfim mostrar seu talento na arquitetura, revelando seu estilo brutalista. A arquitetura é colocada como expressão estética mas também política, embora o roteiro não deixa isso bem claro.
Sinopse: Sobrevivente do holocausto, László Tóth é um fictício arquiteto húngaro que deixa a Europa para ganhar uma nova vida nos EUA, a prometida nação da liberdade, onde chega em 1947. Como imigrante, porém, ele logo é confrontado por uma realidade alheia às suas ambições como artista e ser humano. Mesmo acolhido por um primo que lhe oferece moradia e emprego, Tóth é lembrado que está muito longe de casa. Quando o industrial Harrison Van Buren (Guy Pearce) lhe oferece a chance de projetar um grandioso monumento modernista, o sonho parecia se concretizar (literalmente, em esperança e argamassa). No entanto, ele vive triunfos e tragédias ao longo de quase três décadas.