*Por Eduardo Porciuncula, gerente geral da Verdera, unidade de Gestão e Destinação Sustentável de Resíduos da Votorantim Cimentos
 
Há 15 anos, o Ministério do Meio Ambiente instituiu a data de 15 de outubro como o Dia Nacional do Consumo Consciente com o objetivo de despertar o entendimento da população sobre os problemas socioambientais causados pelos exageros no consumo e projetar uma vida mais sustentável. A destinação de resíduos é um dos caminhos para evitar que materiais sejam depositados de forma incorreta no planeta.
 
Um importante avanço nessa pauta aconteceu em 2010, quando o Governo Federal instituiu no Brasil a Lei número 12.305/10, da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que estabeleceu objetivos para gestão dos resíduos sólidos no país, como a redução na geração de rejeitos, impulsionamento da reciclagem e a reutilização de materiais, além da inclusão social dos catadores. A Política Nacional de Resíduos Sólidos estabelece a hierarquia na gestão desses materiais e exige um plano de gerenciamento dos municípios brasileiros.
 
Essa hierarquia determina como prioridade a não geração de resíduos, seguido pela redução, reutilização, reciclagem, tratamento e, como última alternativa, a destinação em aterros sanitários. Entre as opções de tratamento está o coprocessamento.
 
O coprocessamento é uma solução ainda pouco conhecida pelo público brasileiro em geral. Trata-se de uma tecnologia de destinação adequada e ambientalmente correta para eliminação de diferentes tipos de resíduos. Por meio dessa tecnologia limpa e segura que já é usada mundialmente, os resíduos são completamente destruídos nos fornos da indústria cimenteira, sem restar qualquer passivo ambiental devido às altas temperaturas inerentes ao processo de fabricação do cimento, que ultrapassam 1.400 graus Celsius. 
 
Ao ser transformado em energia, os resíduos deixam de ir para os aterros sanitários, onde entrariam em processo de decomposição que levaria anos e geraria gases nocivos ao planeta, como o gás metano. A solução ambiental do coprocessamento cumpre a legislação vigente no Brasil e transforma materiais que antes eram considerados resíduos inservíveis em matérias-primas, promovendo assim a economia circular.  
 
Todas as tecnologias e soluções de destinação são muito importantes para o cumprimento da hierarquia na gestão de resíduos. Elas atuam de forma complementar, buscando a colaboração de todos os agentes da cadeia produtiva para tornar esse processo muito mais sustentável e gerar um impacto positivo e permanente na sociedade. Juntos, iniciativa privada, agentes públicos e população podem contribuir muito para a valorização dos resíduos e para a construção de um mundo melhor e mais limpo para todos.