Cônsul-geral destaca contribuição polonesa no Brasil
21/01/2022 às 16:45
Entrevista: Marta Olkowska


As relações entre a Polônia e o Brasil já têm 150 anos de História, alicerçadas na forte presença de imigrantes oriundos desse país da Europa, em especial para os estados do Sul, como o Paraná. O vasto leque de acordos entre os dois países, ampliado nos últimos anos, foi destacado pela cônsul - geral da Polônia em Curitiba, Marta Olkowska. A diplomata de carreira que assumiu a chefia da representação consular em abril de 2020, concedeu entrevista à coluna Diplomacia & Comércio Exterior abordando aspectos de seu país, das fortes relações comerciais com o Brasil e, sobretudo, a contribuição polonesa para nosso povoamento e progresso durante mais de um século.

DI&C- Existem acordos bilaterais entre a Polônia e o Brasil? Durante minha gestão como integrante da Embaixada da República da Polônia, em Brasília foi concluída a negociação de um acordo para evitar a dupla tributação entre a Polônia e o Brasil, após vários anos de impasse. É um tratado de extrema importância que se reflete na vida de empresas e pessoas. Foram também iniciadas negociações de um acordo mútuo da segurança social, bem como um ajuste sobre a troca e proteção de informações classificadas. Saindo da Embaixada também deixei praticamente concluído o acordo Working Holiday Visa. Trata-se de um tipo de visto que permite conciliar trabalho e férias. É uma chance para jovens de ambos os países poderem fazer uma viagem de férias e, ao mesmo tempo, trabalhar legalmente.

DI&C - E relações comerciais. Quais são as principais trocas? O Brasil é o maior parceiro comercial da Polônia na América do Sul. Os produtos exportados para a Polônia são principalmente minério de cobre, farelo de soja e derivados e - o que pode até surpreender - aviões. A Polônia há anos é um importante parceiro da Embraer. A LOT, transportadora aérea polonesa, tem grande frota de aviões brasileiros. No âmbito das importações os principais produtos são medicamentos, peças para automóveis e produtos feitos de borracha e borracha sintética.

DI&C- Qual a contribuição da presença polonesa para o Brasil? Da mesma maneira como encontraram no Brasil possibilidades de construir suas vidas, os poloneses têm contribuído significativamente para o desenvolvimento econômico e científico do Brasil, deixando rastros permanentes de suas atividades: o engenheiro e geólogo, conde Andrzej Przewodowski, que se estabeleceu na Bahia em 1839 e conduziu pesquisas científicas pioneiras no campo da geologia; o engenheiro e cartógrafo Florestan Rozwadowski, chamado de criador da topografia brasileira. Na área médica, o Dr. Pedro Luís Napoleão Chernoviz, que trabalhou para melhorar as condições de higiene no Brasil. Não podemos esquecer que os poloneses Simão Kossobudzki, Julian Szyma?ski e Antoni Rydygier foram fundadores da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná. Da mesma maneira, a engenharia polonesa também contribuiu para o desenvolvimento deste país enorme que precisava de novas redes de circulação e transporte de mercadorias, com a construção de ferrovias, canais de transporte e portos, com engenheiros: Bronis?aw Rymkiewicz, Ludwik Malajski e Aleksander Brodowski, que contribuíram para a construção de ferrovias. Ainda sobre a contribuição polonesa no Brasil, nomes da área cultural, como Zbigniew Ziembinski, João Zaco Paraná e a família Morozowicz; os dois últimos com papel imprescindível na vida cultural do Paraná.

DI&C- Qual a sua mensagem para a comunidade polonesa, que vive em especial no Estado do Paraná. A nossa presença no Brasil tem história que remete ao ano 1500, mas a maior afluência de poloneses ao Brasil ocorreu na primeira metade do século XIX para depois da segunda metade do século formar o que é conhecido como “febre brasileira”. A minha mensagem à comunidade polonesa é de agradecimento pelo amor ao país de origem e preservação da sua cultura e tradições; uma mensagem de coragem para pensar como as relações entre a Polônia e a comunidade polonesa no Brasil possam sempre evoluir.

Japão concede bolsas de estudos O Governo japonês, através do Ministério da Educação, Cultura, Esporte, Ciência e Tecnologia (MEXT) oferece anualmente seis modalidades de bolsas de estudos, com o intuito de recrutar intercambistas estrangeiros para estudar em instituições de ensino do Japão, que possam agir como pontes entre o Japão e seu país de origem. A oportunidade é para todos os brasileiros que cumprirem com os requisitos específicos de cada modalidade. As inscrições vão até o dia 15 de fevereiro, para as modalidades de “Treinamento para Professores” e “Cultura e Língua Japonesa”, o cronograma completo está disponível no site do Consulado Geral do Japão em Curitiba. Os candidatos aprovados partirão para o Japão a partir da segunda quinzena de setembro, dependendo da situação da pandemia na época, para participar de programas específicos oferecidos pelas universidades japonesas. Os benefícios são: passagem de ida e volta do Japão; isenção das taxas de matrículas e mensalidades, bolsa mensal (para pagamento dos custos de vida que varia entre Y$117.000,00 à Y$ 143.000,00). Mais informações: Facebook: Bolsas de Estudo MEXT (@bolsasdeestudomext) . http://www.curitiba.br.emb-japan.go.jp/itpr_pt/00_000047.html (Cultura e Língua Japonesa) https://www.curitiba.br.emb-japan.go.jp/itpr_pt/00_000068.html (Cult. e Ling. Jap. para Descendentes)

Tratado de 1750 deu forma ao Brasil

Busto de Alexandre de Gusmão. Maurice Félix Charpentier (encomendada pelo Barão do Rio Branco). Foto da Mapoteca do Itamaraty ICO 30.579 C05-21


Bráulio Pupim, segundo secretário do Escritório de Representação do Ministério das Relações Exteriores no Paraná (EREPAR), comentou sobre as comemorações, no último dia 13, da assinatura do Tratado de Madri. O tratado concluído em 1750, entre as Coroas de Portugal e da Espanha, é considerado o mais importante documento diplomático para a conformação do atual traçado geográfico do Brasil. “Negociado pelo diplomata lusitano de origem brasileira Alexandre de Gusmão, com os ministros do rei espanhol, Fernando VI, o acordo assegurou o reconhecimento da posse portuguesa das áreas exploradas por bandeirantes e outros povoadores no coração da América do Sul, desde o Rio Grande do Sul, passando pelo Paraná, Mato Grosso e a Bacia Amazônica”, discorreu Pupim sobre a convenção diplomática.
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